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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Diretoria da EPM


INTERNET (pág. 4)
Avanços tecnológicos a favor da Medicina


IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS (ISS) (pág. 5)
Projeto de Lei 268/2015


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 6)
Emílio Ribas - 135 anos


EPIDEMIA (pág. 7)
MERS-CoV


TRABALHO MÉDICO (pág. 8 e 9)
Violência contra profissionais de saúde


EXAME DO CREMESP (pág. 10)
Valorização da iniciativa


AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
Projeto educacional


EU, MÉDICO (pág. 12)
Medicina: aprendizado & convivência


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Hospital São Paulo


EDITAIS (pág. 14)
Informações úteis ao profissional de Medicina


BIOÉTICA (pág. 15)
Dilema da Maioridade Penal


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Edição 327 - 07/2015

INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 6)

Emílio Ribas - 135 anos


Emílio Ribas simboliza história da saúde pública no País

 

Desde sua fundação, há 135 anos, o hospital tem papel de destaque no enfrentamento das epidemias em SP

 


Prédio ganhará reforma e será primeiro "hospital verde" do Estado
 

O pórtico de entrada do Instituto de Infectologia Emílio Ribas conta boa parte da história da saúde pública no País. Desde que foi fundado, 135 anos atrás, o hospital assumiu papel fundamental no enfrentamento das epidemias que rondaram São Paulo, recebendo, isolando e cuidando dos doentes. Ao longo desse tempo, passou de Lazareto dos Variolosos – isolamento construído pa­ra doentes de varíola – para Instituto de Infectologia Emílio Ribas, uma das maiores instituições especializadas em doenças infecciosas da América Latina. Uma reforma de R$ 140 milhões está em andamento para ampliar e modernizar as instalações, triplicando o número de UTIs e criando condições para transplantes de fígado e rim. O desbotado prédio principal, construído em 1950, ganhará cores novas e diferenciadas para cada um dos serviços. De acordo com sua direção, o Emílio Ribas será o primeiro “hospital verde” do Estado de São Paulo, com aquecimento solar, ventilação natural, redução do consumo de energia e de água.

A reforma contribuirá também para diminuir o preconceito que pesa sobre o hospital. No imaginário das pessoas, a ideia é que se deve passar longe do Emílio Ribas, sob risco de contaminação por doenças graves. Durante a epidemia de meningite meningocócica, que em 1974 registrou cerca de 13 mil casos, as pessoas nos ônibus e nos carros fechavam os vidros quando passavam diante do hospital, na avenida Dr. Arnaldo.
 

Pesquisa

Em 1903, o hospital foi palco de uma descoberta que marcou o mundo científico. Emílio Ribas, um dos seus pesquisadores e um grupo de voluntários – entre eles, seu colega Adolf Lutz – trancaram-se em uma sala com mosquitos contaminados com o vírus da febre amarela. Outro grupo também foi trancado, dormindo com roupas sujas de sangue e vômitos de pessoas contaminadas. O grupo do pesquisador Emílio Ribas foi contaminado, o outro não, provando que a transmissão se dá pelo mosquito e não por contato.

Esse espírito investigativo em prol da saúde pública marca a trajetória do hospital, observa seu diretor Luiz Carlos Pereira Filho. “A pesquisa de Emílio Ribas mudou toda a estratégia de prevenção, que passou a ser de combate ao mosquito. A iniciativa foi uma resposta a uma pergunta da época”, diz o diretor. “A vocação histórica do instituto é pesquisar questões que afetam a saúde pública e que podem ajudar a comunidade”, completa.

Em paralelo à pesquisa, o Emílio Ribas é uma referência em ensino. “A instituição tem o maior programa de Residência em doenças infecciosas do Brasil”, diz Pereira. São 60 residentes, além de médicos de instituições do País e do exterior, que chegam para estágios ou como visitantes.
 

Isolamento

No sétimo andar do prédio de internação estão as 17 UTIs, onde ficam doentes que necessitam de isolamento total. Com a reforma, serão 47. Várias delas têm uma antecâmara anexa, em que os profissionais lavam as mãos e vestem roupas de proteção antes de entrar.

Quando a última onda do ebola assustou o mundo, em 2009, 15 equipes do Emílio Ribas foram treinadas para receber doentes.  Nove suspeitos deram entrada no Emílio Ribas, mas apenas quatro foram isolados e nenhum caso foi confirmado.

No mesmo período, a “febre suína” (H1N1) já tinha mobilizado o hospital. Foram 2.038 casos atendidos no pronto-socorro, com 14 óbitos. “Tivemos que dividir o pronto-socorro em duas entradas, uma para portadores do HIV e outra para suspeitos e doentes do H1N1 (febre suína)”, relata a médica Tâmara Souza, que coordenou as ações para receber os pacientes. Com imunidade baixa, os portadores do HIV seriam contaminados pela “gripe suína”, transmitida pelas vias respiratórias, se entrassem pela mesma porta.
 

HIV

Com a chegada da Aids, o Emilio Ribas associou sua vocação de combate às endemias com especialidades de ponta em atendimento hospitalar. A Aids continua tendo importância no hospital: cerca de 70% de todos os atendimentos feitos pelo instituto são de portadores do HIV. No total, o Emílio Ribas tem cerca de 200 leitos, 7,8 mil pacientes cadastrados, cerca de 30 mil pessoas passam pelo PS por ano, 24 mil são atendidas no hospital-dia, além de 60 mil consultas, 2,6 mil internações, 840 cirurgias e outros procedimentos. Por trás desse volume de trabalho, está uma força tarefa de 1.565 colaboradores.
 


Meningite e Aids


A infectologista Marinella Della Negra ingressou no Emílio Ribas em 1972. Esteve na linha de frente de duas das mais dramáticas e assustadoras epidemias que atingiram a cidade. A de meningite meningocócica infectou 12.330 pes­soas e matou 900, só em 1974. “Foi  uma das maiores epidemias de meningite do mundo, com o menor índice de óbitos”, diz. Com cerca de 300 leitos na época, o hospital chegou a ter 1,2 mil internados. “Os doentes eram estendidos no chão, nos corredores, sobre o tampo das pias. Era um hospital de guerra”, conta.

Em 1982, o Emilio Ribas recebeu o primeiro paciente de Aids. Em dezembro de 1985, chegaram as duas primeiras crianças com HIV, infectadas por transmissão vertical. Marinella foi uma espécie de mãe para “mais de 1 mil crianças” com Aids que passaram pelo Emílio Ribas desde o início da epidemia. Hoje é “avó” de pelo menos 43 crianças e adolescentes – são filhos de mães que nasceram infectadas e que lá atrás foram cuidadas por Marinella. Das 43, apenas uma é portadora do vírus.

O Emilio Ribas foi certamente o hospital que mais salvou crianças com Aids. Marinella relata a impotência dos profissionais diante de medicamentos, como o AZT, que no início só tinham formulação para adultos. Um farmacêutico do hospital pesquisou e desenvolveu uma fórmula solúvel, que podia ser ministrada para crianças. “Muitos dos nossos pacientes que estão com 25 e 35 anos foram salvos por esse farmacêutico”, diz a médica.


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