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PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
Mauro Gomes Aranha de Lima - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 4)
Paulo Saldiva


CRÔNICA (pág. 10)
Mario Prata


CONJUNTURA (pág. 12)
Aids: novos e velhos desafios


DEBATE (pág. 16)
O teto dos gastos públicos é realmente necessário?


HISTÓRIA DA MEDICINA (Pág. 23)
O outro lado das guerras


SINTONIA (pág. 26)
A sétima arte e humanização da Medicina


GIRAMUNDO (Pág. 30 e 31)
Avanços da ciência


PONTO COM (Pág. 32 e 33)
Mundo digital & tecnologia científica


HOBBY DE MÉDICO (págs. 34 a 37)
Adolfo Leirner


CULTURA (págs. 38 a 41)
Osesp


GOURMET (Pág. 42)
Edmund Baracat


CARTAS & NOTAS (pág. 46)
Espaço dos leitores


FOTOPOESIA (pág. 48)
Carlos Drummund de Andrade


GALERIA DE FOTOS


Edição 78 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2017

HOBBY DE MÉDICO (págs. 34 a 37)

Adolfo Leirner

O bom fotógrafo à prática retorna

Engenheiro pelo ITA e médico pela USP, Adolfo Leirner dedica-se agora à fotografia, sua paixão desde criança

 

 

O médico cardiologista Adolfo Leirner é oriundo de uma família ligada ao universo da arte. É o filho caçula da escultora Felícia Leirner e do colecionador de arte e galerista Isai Leirner. Seus irmãos Nelson e Giselda seguiram carreira nas artes plásticas, enquanto ele descobriu, ainda criança, o encanto pela fotografia. Aos 13 anos, já fazia fotos e as revelava em seu laboratório, registrava eventos esportivos, portraits e vendia para jornais. “A minha primeira máquina não tinha flash. Quando fotografava eventos internos ficava esperando o flash do vizinho pra fazer minha foto”, conta.

Quando garoto, frequentava os debates do Foto Clube Bandeirantes, segundo Leirner, onde ficavam os “papas” da fotografia no Brasil, como Geraldo de Barros, Thomaz Farkas, Gaspar Gasparian, German Lorca, entre outros. “Eles discutiam sobre fotografia e eu, como espectador, ouvia o que eles diziam”, relembra.

A fotografia foi deixada de lado quando passou no vestibular de Engenharia Elétrica, no Instituto de Tecnologia e Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos. “Por ser uma escola muito rígida, eu não tinha mais tempo para fotografia”, recorda o médico. Formou-se com 22 anos e associou-se a dois cardiologistas para criarem uma fábrica de equipamentos médicos. Importantes aparelhos foram projetados e construídos por ele, como o primeiro marcapasso de dupla câmara do mundo e o primeiro cardiógrafo feito no Brasil.

“Fiz essas coisas como engenheiro, mas, como trabalhava com médicos, comecei a me interessar pela Medicina; eu fazia os aparelhos e eles que usavam. Pensei: agora é minha vez de brincar com esses equipamentos’”, comenta Leirner. Entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo aos 37 anos e formou-se em 1978. Em seguida, fez residência em Clínica Médica, e doutorado e livre-docência na área da Cardiologia.

 

Coordenou a subdivisão de Bioengenharia do Instituto do Coração/Hospital das Clínicas da Fmusp, do Incor-HC/Fmusp e foi docente na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Já está aposentado, porém ainda possui um consultório no Hospital Albert Einstein, apesar de raramente realizar atendimentos.

Analógico X digital

No início dos anos 2000, quando a rotina de trabalho se tornou mais tranquila, Leirner voltou a se dedicar à paixão pela fotografia. Mas esse universo havia passado por muitas mudanças, e ele procurou se atualizar em cursos nos Estados Unidos. Estudou no International Center Photography (ICP), em Nova York, e fez outros cursos no Estado norte-americano do Maine. “Tive de reaprender a fotografia no meio digital”, lembra.

Não sendo um saudosista, abandonou completamente o sistema analógico, pois, além das dificuldades de encontrar equipamentos e fazer as revelações, “tem de tirar fotografias muito precisas. No laboratório é possível fazer pouquíssimas coisas, o digital oferece muito mais possibilidades”, garante. O médico adora, inclusive, os recursos proporcionados pelo programa Photoshop, que nem todo fotógrafo gosta.

Fez diversas viagens pelo mundo, sempre com a câmera nas mãos. Em algumas delas, teve a companhia de sua parceira motocicleta. A travessia dos Alpes e outras viagens pela Europa foram alguns dos destinos que percorreu sobre duas rodas. Comprou sua primeira moto em 1952 e, até 2014, era possível vê-lo por aí andando em sua Harley Davidson.

Apesar das inúmeras fotos, a primeira vez que Leirner expôs foi em 2010. Além de suas imagens, a exposição conjunta, intitulada 4 viagens, reuniu, no Espaço de Arte Trio, em São Paulo, cliques de outros amantes da fotografia que também exercem outras profissões, o ambientalista Beto Ricardo e os jornalistas Caio Túlio Costa e Leão Serva.

Na ocasião, Leirner expôs as fotos da série Os Iconoclastas, feitas em lugares sagrados na Capadócia, Jerusalém e outros, que tiveram as imagens religiosas cobertas por intervenções. O nome da série é referência ao movimento surgido no século 8, que contestava a veneração a símbolos religiosos.

Carnívoros X antropófagos

Em 2013, expôs, na Galeria Fass, a série Crueldades Impessoais, que reúne fotografias feitas em matadouros, açougues, feiras de rua e outros lugares ao redor do mundo, com culturas muito diversas, desde a Bolívia até o Marrocos. “Eu achava muito interessante ver animais mortos expostos. A gente se acostuma tanto a vê-los em exposição, para comer, que passa a não se importar. Fiquei impressionado com a nossa selvageria.”

Para Leirner, o fato de enxergarmos animais como fonte de alimento faz com que, por vezes, percamos a noção de morte do animal. “Como a maioria das pessoas não mata o animal que irá comer, essa relação homem-animal se torna muito distante e impessoal”, observa.


Médico e engenheiro, Adolfo Leirner, voltou a fotografar depois que a rotina de trabalho se tornou mais tranquila

As fotos são impressionantes porque são removidos os contextos em que elas foram feitas, e o animal morto é o único foco em cena. “Os animais isolados tornam-se, cada qual à sua maneira, bizarros, cômicos, comoventes e até trágicos, ao serem submetidos involuntariamente à nossa tendência de estabelecer paralelo com o humano. Esse conjunto de fotos perturba quiçá pelo incômodo de, inconscientemente, nos sentirmos transformados de carnívoros em antropófagos”, relata Leirner.

Recentemente, o médico tem optado por trabalhar com a imagem em branco e preto, pois, segundo ele, facilita a impressão. “Acertar na impressão com cores é difícil, precisa ser uma impressora boa”, diz ele. Muitas fotos que registrou em cores, está experimentando em tons de branco e preto.

Denomina-se um brincalhão, pelo interesse em estudar diversas áreas aparentemente sem muita relação. Para ele, conhecimento científico e artístico fazem parte do universo em que vivemos. E sorri, dizendo: “antigamente existiu um camarada que fazia de tudo: Leonardo da Vinci”.

Colaborou: Janaina Santana


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