CAPA
PONTO DE PARTIDA (pg.1)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pg. 4)
Fang Zhouzi
CRÔNICA (pg.10)
Antonio Prata
EM FOCO (pg.12)
Wagner dos Santos Figueiredo
DEBATE (pg.16)
Solera/Yonamine/Carrazza
CONJUNTURA (pg.22)
Bebidas alcoólicas: consumo e propaganda
SINTONIA (pg.26)
Especialidades médicas
GIRAMUNDO (pg. 30)
Curiosidades de ciência e tecnologia, história e atualidades
PONTO.COM (pg. 32)
Informações do mundo digital
HISTÓRIA DA MEDICINA (pg.34)
Cientistas brasileiros e o Nobel
LIVRO DE CABECEIRA (pg.37)
Jürgen Thorwald
CULTURA (pg. 38)
Chang Dai-chien
CARTAS & NOTAS (pg.43)
Ser Médico bombou na web!
TURISMO (pg. 44)
Gramado, Caxias do Sul, Canela.. quem resiste?
FOTOPOESIA (pg.48)
Salomão Souza
GALERIA DE FOTOS
LIVRO DE CABECEIRA (pg.37)
Jürgen Thorwald
O século dos cirurgiões
Luiz Florenzano*
Livro baseado em notas do avô materno de Jürgen Thorwald, Henrique Estêvão Hartmann, O século dos cirurgiões, em um primeiro momento, apresenta-se como um livro essencialmente científico. No entanto, com o fluir da leitura, percebe-se muito mais que isso. É uma obra que permite refletir sobre as grandes dificuldades enfrentadas pelos pioneiros da cirurgia – tanto no campo técnico-científico quanto humanístico da Medicina –, no século 19, fazendo com que o leitor penetre em um mundo no qual descobertas importantíssimas para a boa prática médica estão em curso. Possibilita refletir não só sobre a condição do médico de antigamente, mas também do paciente que a ele recorria. Assim, a obra ilustra importantes descobertas para a Medicina, de maneira que o leitor foca extrema atenção a cada palavra, imaginando cada procedimento realizado pelos iniciadores da cirurgia. E o que mais comprometia a ousadia dos cirurgiões da época talvez fossem “os limites marcados por Deus” ou então o “assassinato” que seria ultrapassá-los.
Incrivelmente a pesquisa naqueles tempos já se fazia presente. Claro que não como hoje, mas com o alcance que se podia ter na época. Lembremos da invenção da imprensa por Gutenberg, por volta de 1440, o que impulsionou a publicação das mais diferentes obras e documentos. Os artigos e casos da Medicina não poderiam ficar fora disso. Era preciso manifestar suas descobertas aos quatro cantos da Terra.
No século 19, não se tinha o hábito de lavar as mãos. Os aparelhos utilizados nos procedimentos e os tecidos que forravam as mesas cirúrgicas, inclusive o uniforme dos próprios médicos, tampouco eram lavados com frequência. Uma condição extremamente favorável à proliferação de micróbios! Semmelweis foi o primeiro a observar a relação entre falta de higiene e as infecções. Posteriormente, ele percebeu outros descuidos que colaboravam para as infecções. A morte de seu mestre talvez fosse o estopim para suas descobertas. Seu mestre foi acidentalmente ferido pelo bisturi de um acadêmico e, dias depois, apresentou o quadro clínico de infecção, igual ao de uma parturiente no pós-operátório. Não conhecia a existência dos germes, mas sabia que as infecções estavam ligadas às más condições de higiene. Imaginemos a dura batalha enfrentada por Semmelweis na tentativa de mudar o hábito das pessoas fazendo com que, antes de entrar no hospital, os acadêmicos/médicos sempre lavassem as mãos com fenol. Isso mesmo, ele exigiu que se instalassem pias em pontos estratégicos do hospital para que as mãos fossem lavadas com fenol – imaginem, fenol!
O livro O século dos cirurgiões é uma obra que traz muitas informações, ao mesmo tempo em que nos permite refletir e comparar atitudes daquela época e da atual. Desconsiderando o fato de que o autor, incrivelmente, estava no momento certo e na hora certa da grande maioria dos acontecimentos – de alguns ele toma conhecimento por cartas – e que ele conheceu, pessoalmente, ilustres nomes da nossa História, o livro é, sim, uma excelente e recomendável leitura.
*Médico anestesiologista e conselheiro do Cremesp