CAPA
EDITORIAL (pág.1)
Ponto de Partida - Novo Código de Ética Médica reafirma o respeito ao ser humano
ENTREVISTA (pág. 4)
Uma conversa com o introdutor do ensino de Nutrologia nas escolas médicas do país
EM DEBATE (pág. 9)
Abortamento espontâneo: entender porque ocorre reduz o estresse associado à perda
CRÔNICA (pág. 12)
Ruy Castro e a biografia que escreveu sobre a "pequena notável"...
SAÚDE NO MUNDO (pág. 14)
O sistema de saúde português garante a melhoria significativa de saúde da população
AMBIENTE (pág. 18)
Conheça a rede mundial Saúde Sem Dano: mais de 50 países participam
SINTONIA (pág. 21)
Indústria de alimentos deve estimular o consumo de produtos saudáveis
EM FOCO (pág. 23)
Forças Armadas do Brasil e Força Expedicionária Brasileira
GIRAMUNDO (pág. 26)
Curiosidades da ciência e da história
PONTO COM (pág. 28)
Canal de atualização com as novidades do mundo digital
HISTÓRIA (pág.30)
A assepsia das mãos na prática médica
GOURMET (pág. 33)
Acompanhe a preparação de uma receita especial para a macarronada do domingo...
CULTURA (pág. 36)
Tide Hellmeister: artista de técnicas variadas, deixou obras expostas no Cremesp
TURISMO (pág. 40)
Registro de um passeio inesquecível pelos vilarejos franceses
CABECEIRA (pág. 46)
Confira as sugestões de leitura do médico cardiologista Adib Jatene
CARTAS (pág. 47)
Versões digitais do JC e da SM facilitam acesso e leitura
POESIA(pág. 48)
Explicación, de Pablo Neruda, no livro Barcarola (1967)
GALERIA DE FOTOS
CULTURA (pág. 36)
Tide Hellmeister: artista de técnicas variadas, deixou obras expostas no Cremesp
Tide misturava escultura, pintura, artes gráficas e fotografia em suas obras
“Eu sou um grude”
Captar a essência das pessoas e situações em doses ousadas de colagem, resultando numa boa liga, era o estilo de Tide Hellmeister, um dos maiores ícones dessa arte no Brasil. Ao duelar com seus fantasmas internos, expunha em sua arte uma visão muito particular da vida, como foi demonstrado na exposição Brava Gente, exposta na Caixa Cultural São Paulo ocorrida no mês de março. Com a série Filhos de Deus, uma mostra de 60 trabalhos – 58 pinturas e colagens acrílicas sobre papelão, além de duas obras tridimensionais –, na qual conta a vida que criou para seus personagens, o público pode conhecer as múltiplas técnicas do artista.
Em uma época de sua vida, Hellmeister morava nas imediações da Praça da Árvore e trabalhava no centro de São Paulo. A inspiração para os personagens que compõem essa mostra veio das pessoas que ele encontrava pelas ruas, no metrô, nos ônibus ou em caminhadas por um parque. Ao olhar para os transeuntes, o artista imaginava como eles deveriam ser: tristes, egoístas, generosos, abatidos. Criou personagens com características físicas e psicológicas. Adotou nome, sobrenome, data de nascimento e de morte. Inventou uma vida inteira para cada uma daquelas pessoas e depois as retratou com todas as suas particularidades.
Madeira, letras tipográficas e caligrafia, retalhos de papel, fotos, tinta acrílica e pastel dão forma e conteúdo ao trabalho do artista, que era capaz de misturar escultura, pintura, artes gráficas e fotografia em um só quadro, dando a impressão de se tratar de uma obra tridimensional.
Seus trabalhos refletiam a inquietação pelas coisas do mundo
A exposição, que passou anteriormente pelo Rio de Janeiro, Salvador e Brasília, trouxe um recurso de áudio surpreendente, como toda sua obra. Seis dos personagens tiveram suas histórias contadas por meio de ligações telefônicas. Ao lado de cada quadro havia telefones antigos nos quais era possível escutar a história do personagem contada por “alguém que o conheceu”. Em ambientes especialmente criados para as vidas inventadas pelo artista, a dramatização ouvida evidenciava ainda mais as características dos personagens e entrava em detalhes, como profissão, bairro onde morava e estado civil.
Hellmeister, que faleceu em 2008, em decorrência de complicações cardíacas, trabalhava, além da colagem, com tipografia, caligrafia, fotografia e pintura. Colaborou com os principais jornais de São Paulo, como O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Gazeta Mercantil, e também passou pelas principais redações de publicações de grande circulação do país.
Durante sete anos foi parceiro do jornalista Paulo Francis. Transformava em imagens as palavras do irreverente crítico ao ilustrar a coluna Diário da Corte, publicada nos jornais Estadão e O Globo. Trabalhou no projeto visual da implantação do Jornal da Tarde e foi editor de arte e diagramação das edições diária e dominical do Última Hora. O artista também participou da criação de diversas capas de livros, revistas e discos das mais importantes editoras e gravadoras do Brasil, contabilizando mais de 5 mil trabalhos.
Artista foi também editor de arte do Jornal do Cremesp
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também teve a honra de estabelecer parcerias com Hellmeister. Entre os anos de 1997 e 2002, o artista assinava o projeto gráfico e as ilustrações do Jornal do Cremesp. Em 2001, fez uma série de quadros para o Cremesp. Em algumas das obras, o artista explorou a representação de mãos que, para ele, significavam o amparo, a ajuda que as pessoas esperam vir dos médicos. Outros trabalhos, dedicados a Hipócrates, Freud, Pasteur, Emílio Ribas, Oswaldo Cruz e Zerbini, estão expostos na sede do Cremesp.
Algumas das obras de Tide expostas na sede do Cremesp
Hellmeister começou sua carreira em 1959 como auxiliar de arte e cenografia no canal 9, extinta TV Excelsior. Fez mais de 30 mostras individuais pelo mundo e suas criações renderam-lhe diversos prêmios no Brasil e exterior, entre eles o título de melhor exposição de design gráfico de 2000, oferecido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pela exposição Colagens – uma aventura tipográfica, realizada na Pinacoteca do Estado.
A genialidade do artista encontrou vazão em suas várias facetas. Em constante busca pelo novo e com a curiosidade de uma criança, seguia dando forma às inspiradas colagens multimídia, que refletiam sua inquietação pelas coisas do mundo. Na tentativa de uma autodefinição diante de sua complexidade de estilos, ele conseguiu enfatizar o que realmente sabia fazer com as várias influências que absorvia: “eu sou um grude”.
(Colaborou Patrícia Garcia)