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CAPA

EDITORIAL (SM pág. 1)
A mobilização nacional para a revisão do Código de Ética Médica, após 20 anos de existência do documento - por Henrique Carlos Gonçalves


ENTREVISTA (SM pág. 3)
Acompanhe a trajetória profissional e pessoal da pediatra marroquina Najat M’jid nesta entrevista exclusiva


SINTONIA 1 (SM pág. 8)
Web e atividade cerebral: nosso bem ou nosso mal? Tire aqui suas conclusões...


SINTONIA 2 (SM pág. 11)
Jornalismo na área da saúde: é preciso saber separar o joio do trigo antes de divulgar assuntos médicos


CRÔNICA (SM pág. 16)
Príncipe ou plebeu... qual opção lhe traria maior felicidade?!? Veja o que pensa Ruy Castro, em sua crônica, sempre inteligente e bem-humorada


AMBIENTE (SM pág. 18)
Alguns hospitais brasileiros são bons exemplos de atitudes positivas e eficazes na preservação da qualidade do meio ambiente


DEBATE (SM pág. 23)
Encontro sobre violência infanto-juvenil reúne duas especialistas no assunto, sob a mediação do conselheiro Mauro Aranha


EM FOCO (SM pág. 29)
Estação Ciência: passeio transforma visita em experiência única, possibilitando o contato direto - e descomplicado - com o universo científico


HISTÓRIA (SM pág. 32)
Acompanhe nossa visita virtual aos templos ecumênicos agregados a hospitais


CULTURA (SM pág. 36)
A arte e a ciência - que desafiam a lógica - do artista holandês Cornelius Escher


TURISMO (SM pág.40)
Casal de médicos dá dicas incríveis para uma viagem fantástica ao Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais


CABECEIRA (SM págs. 46 e 47)
Duas sugestões de leitura imperdíveis: O Presidente Negro e Venenos de Deus, Remédios do Diabo


CARTAS (SM pág. 47)
Acompanhe, nesta coluna, alguns comentários recebidos sobre a edição anterior


POESIA (SM pág. 48)
Trecho da obra Réquiem, II, do poeta Lêdo Ivo, foi escolhido para finalizar esta edição


GALERIA DE FOTOS


Edição 46 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2009

CULTURA (SM pág. 36)

A arte e a ciência - que desafiam a lógica - do artista holandês Cornelius Escher

Entre a ciência... e a arte

Escher inventou um estilo pelo registro dualístico do espaço, jogando com altura, profundidade, distância e perspectiva


Mauritius Cornelius Escher é um artista único, que melhor conseguiu reunir arte e ciência para transformar o pensamento matemático moderno em imagens. Seus trabalhos são desafios à lógica, que intrigam matemáticos – embora pareçam absurdos, demonstram compreensão e domínio de conceitos de perspectiva, geometria e simetria. Ele foi um mestre da ilusão de ótica. Na litografia Relatividade, uma das mais famosas, escadas sem fim deixam o espectador sem saber quem sobe e quem desce (imagem acima).


Queda d'água, 1961, impossível saber se o curso da água sobe ou desce

Escher nasceu na Holanda em 1898 e faleceu em 1972, sendo influência e referência obrigatória aos mais importantes artistas gráficos do mundo que surgiram depois dele, em especial aos animadores em 3D. “Apesar de não ter nenhum conhecimento nem aprendizagem em matemática, habitualmente parece que tenho mais coisas em comum com os matemáticos do que com meus companheiros artistas”, declarou o artista, segundo biografia disponível no Escher Museu (Escher in Het Paleis), em Haia, na Holanda. Inaugurado em 2002, o museu funciona num antigo palácio da realeza holandesa de quatro andares. Alguns ambientes reproduzem o mundo vertiginoso de Escher, outros têm jogos que ajudam a compreender seu processo de criação.


Limite Circular, de 1959

Apesar da vasta produção desde o começo do século 20, o artista gráfico só foi reconhecido em meados da década de 60. Para o professor do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Arthur Villa, Escher merecia mais referências e estudos dos historiadores de arte. “Ele deu continuidade às discussões a respeito do estatuto das artes aplicadas ou decorativas, que foram centrais nos debates do final do século 19 e início do século 20, não só na Europa, mas também no Brasil. Foram esses debates que, por exemplo, possibilitaram a afirmação do design como uma modalidade artística específica, ao qual conhecemos e valorizamos hoje”, comentou Villa.


Desenhando Mãos, 1948

Em 1922, Escher abandonou o curso da Escola de Arquitetura e Artes Decorativas, para iniciar-se nas técnicas da gravura, passando a dedicar-se ao desenho, à litografia e à xilogravura. Ele se dizia influenciado pela arte decorativa árabe. Numa visita ao conjunto arquitetônico de Alhambra, na Espanha, o artista conheceu os mosaicos do período das invasões árabes. O ponto de partida de seu trabalho seria o interesse nas figuras do mosaico que se entrelaçavam umas às outras, repetindo-se e formando belos padrões geométricos de preenchimento regular e tridimensionais.


Dia e Noite, de 1938

Seu trabalho, quase que exclusivamente composto por gravuras, tem características de um surrealismo calculado. Escher inventou um estilo pelo registro dualístico do espaço, jogando com altura, profundidade, distância, proximidade, plano e perspectiva. O artista reconhecia que suas obras exigiam um segundo olhar mais apurado, que eram complexas e de difícil compreensão. “Minhas imagens  requerem uma explicação, porque sem isso elas são muito herméticas e têm muito de uma fórmula para os não iniciados. Ao mesmo tempo, o conjunto de idéias que elas expressam, embora essencialmente factual e impessoal, parece, para a minha constante surpresa, ser tão pouco usual e, nesse sentido, tão inédito, que eu não conseguiria encontrar um expert com suficiente compreensão para escrever a seu respeito, sem ser eu mesmo”, comentou Escher em um texto publicado originalmente em 1958. O próprio Escher exercitava um dualismo constante (acompanhe texto abaixo).

Escher por ele mesmo



“O Bem não pode existir sem o Mal e quando se aceita um Deus, então tem que se dar, por outro lado, um lugar equivalente ao Demônio. Isto é o equilíbrio. Vivo desta dualidade. Mas isso também não parece ser permitido. As pessoas tornam-se logo tão profundas sobre essas coisas que, em breve, deixo completamente de percebê-las. Na realidade, porém, é muito simples: branco e preto, dia e noite - o gravador vive disso.”



Auto-retrato, de 1922

“As coisas que eu quero expressar são bonitas e puras.”

“Eu poderia preencher uma segunda vida inteira trabalhando em minhas impressões.”

“Por isso, nos deixe escalar a montanha, não pisando no que está abaixo de nós, mas nos puxando para o que está acima, para o meu lugar nas estrelas.”

“Minhas imagens requerem uma explicação, porque sem isso elas são muito herméticas e têm muito de uma fórmula para os não iniciados”

Obras do artista podem ser vistas em seu site ou no do Museu Escher 


(Colaborou Leandro Chaves)


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