CAPA
CONJUNTURA
Pesquisas negligenciam doenças de populações pobres
EDITORIAL
Presidente do Cremesp espera que a palavra "saúde" não se restrinja aos brindes de final de ano
ESPECIAL
Profissionais de comunicação falam das dificuldades para cobrir a área de saúde
CRÔNICA
Milton Hatoum fala sobre um fato que inspirou cena de "Cinzas do Norte"
MEIO AMBIENTE
São Paulo deu as costas para o Tietê, ao contrário de outras grandes metrópoles como Paris, Londres ou Chicago, crêe autor
DEBATE
Cremesp promove debate para discutir mudanças sobre medicamentos manipulados
SINTONIA
Confira aspectos sobre o impacto da doação de órgãos em familiares
HISTÓRIA DA MEDICINA
Meningite, a epidemia que a ditadura não conseguiu esconder
EM FOCO
Filha de Durval Marcondes mostra carta de Freud a seu pai
CULTURA
Grafiteiro e fotógrafa criam nova modalidade de arte, a fotografite
ACONTECE
São Paulo ganha mais um Niemeyer
LIVRO DE CABECEIRA
Médica da Unifesp fala da obra "A Falsa Medida do Homem"
HOBBY DE MÉDICO
Médica domina técnica de produção de papel japonês feito à mão
CARTAS & NOTAS
Veja como pensam nossos leitores e quais foram as referências bibliográficas usadas
FOTOLEGENDA
Uma imagem da estátua do Cristo Redentor foi projetada na fachada da Catedral de Notre Dame em Paris
GALERIA DE FOTOS
LIVRO DE CABECEIRA
Médica da Unifesp fala da obra "A Falsa Medida do Homem"
A Falsa Medida do Homem
O autor teve como principal preocupação combater o cientificismo que se apóia no genoma humano, na obra de Darwin e procura forjar bases científicas para justificar as discriminações raciais, de sexo e a criação de classes na sociedade. É de conhecimento geral a oposição que Gould fazia ao determinismo genético defendido pelos cientistas envolvidos na pesquisa do genoma humano, bem como a oposição aos genes egoístas de Dawkins. Assim, a obra mostra os falsos argumentos, supostamente científicos, utilizados pela sociedade para discriminar os seres humanos.
Gould inicia o livro mostrando que o determinismo biológico surgiu na Grécia com Platão, numa resposta de Sócrates para a divisão hierárquica da sociedade em governantes, auxiliares e artesãos: homens que nascem com a têmpera de ouro, de prata e de ferro. Em seguida, narra como as medidas de tamanho dos crânios eram utilizadas, antes de Darwin, para demonstrar que índios e negros eram inferiores aos brancos. Com a “Origem das Espécies” surge o primo de Darwin, Francis Galton. Gould o define como um vitoriano excêntrico e demente, que tinha a firme convicção de que quase tudo que se podia medir tinha um componente hereditário. Em 1883, Galton inventou o termo eugenia, mas foi nos EUA que surgiu a American Eugenics Association, em 1923. Finalmente Gould critica a mais moderna maneira de se praticar a discriminação “científica” das pessoas: a medida do QI.
Esta obra nos coloca em alerta contra as mistificações que levam a querer “brincar de Deus” e melhorar a espécie humana, pois sempre surgirão falsas medidas do homem cada vez mais sofisticadas para nos convencer de que o que Deus fez pode ser por nós melhorado. Aí pecamos pela arrogância.
* Alice Ferreira é médica, professora adjunta do Departamento de Biofísica da Unifesp-EPM
Obra: A Falsa Medida do Homem
Autor: Stephen Jay Gould
Editora: Companhia das Letras