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CAPA

PONTO DE PARTIDA
Entre os temas desta edição, detaca-se um debate sobre alimentos transgênicos


ENTREVISTA
Norman Gall: "O Brasil tolera muito a bagunça nas instituições públicas"


CRÔNICA
Uso subcutâneo, intramuscular, tópico...


BIOÉTICA
Medicina Fetal - Muito além do binômio


SINTONIA
Ressonância: Prêmio Nobel Magnetizado


DEBATE
Alimentos Transgênicos


450 anos de São Paulo
Pelas Ruas da Cidade


CONJUNTURA
Crianças trabalhadoras. Adultos desempregados


COM A PALAVRA
Duas Guerras


HISTÓRIA DA MEDICINA
O Código Sanitário de 1918 e a Gripe Espanhola


MÉDICO EM FOCO
Navegar é preciso


LIVRO DE CABECEIRA
Proust não é tempo perdido


CARTAS E NOTAS
Dr. Manoel (Dias) de Abreu e Dr. (Manoel de Abreu) Campanario


POESIA
Carlos Drumond de Andrade


GALERIA DE FOTOS


Edição 26 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2004

LIVRO DE CABECEIRA

Proust não é tempo perdido


Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, é uma obra que vai contra a maré contemporânea de ensinamentos fáceis. Com certeza, não é uma leitura fácil, mas os prazeres e os ganhos são enormes. A obra tem sete volumes e mais de 2.500 páginas, quase uma centena de personagens e um autor que passa páginas e páginas descrevendo suas emoções em relação ao beijo da mãe ou sobre a memória evocada ao comer um bolinho que lembrava a sua infância. É mais fácil entender um filme de Hollywood, com os típicos personagens unidimensionais ? ou são mocinhos ou são bandidos. Bom divertimento, mas acrescenta pouco à vida.


Em Busca do Tempo Perdido foi escrito no começo do século XX, por um filho de médico francês, fruto do casamento entre um descendente de camponeses católicos com uma jovem de família judia culturalmente sofisticada. Por ser asmático, Proust passou grande parte da vida dentro de um quarto. Escreveu uma grande obra na qual os personagens são multidimensionais, nem bons nem maus. Sofrem, amam, traem, sentem medo da morte, encantam-se com a beleza das paisagens naturais e humanas, enfim, vivem todas as contradições humanas.

Os sete livros foram traduzidos por gigantes da literatura brasileira como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana. Muitos críticos compararam essa obra à uma catedral. É possível admirar a estrutura arquitetônica, representada por grandes temas universais ? amor, amizade, ciúmes, traição, casamento, medicina, memória, tempo, hereditariedade, sociedade etc. Também se pode concentrar nos detalhes do edifício pela descrição minuciosa e rica das motivações psicológicas dos personagens. É essa forma dupla de entender a obra que a faz universal. Podemos saborear a descrição de todas as emoções de certo personagem e apreendermos, como em nenhum outro lugar, a riqueza da motivação humana.

O cotidiano da medicina nos expõe a emoções confusas e intensas. Muitas vezes, tentamos achatar essa riqueza com artifícios pobres, como ver alguém como o "pacientezinho", atribuir o sofrimento à "loucura da família", ou considerar a dor da morte como a "incapacidade de alguém morrer com dignidade". No cotidiano, entender o amor, o ciúme, a amizade, a lealdade, a memória é uma tarefa que, freqüentemente, nos faz sentir incompetentes. Ler uma obra como essa é um antídoto a esse achatamento emocional que costumamos exercitar na vida profissional  e pessoal.

Os leitores que começarem essa obra, mesmo que relutantes, poderão chegar ao final com a sensação de que gostaram de um livro que não era, de jeito nenhum, sua leitura preferencial.

Ronaldo Laranjeira
Professor Adjunto de Psiquiatria da Unifesp
Coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
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DA REDAÇÃO:

A obra-prima de Marcel Proust está disponível no mercado numa edição em três tomos pela Ediouro, intitulada Em Busca do Tempo Perdido - Obra Completa, traduzida pelo poeta carioca Fernando Py.  

A primeira edição brasileira, publicada no início dos anos 50 pela editora Globo foi a traduzida a dez mãos: Mário Quintana (No Caminho de Swan, À Sombra das Raparigas em Flor, O Caminho de Guermantes e Sodoma e Gomorra), Manuel Bandeira em parceria com Lourdes Sousa de Alencar (A Prisioneira), Carlos Drummond de Andrade (A Fugitiva) e Lúcia Miguel Pereira (O Tempo Redescoberto). A editora Globo, imprime periodicamente esses livros em separado.

A tradução de Py, embora não tenha o estofo da primeira, é a única do  trabalho todo e prestigiada pelos críticos literários. Pelo tradutor da Ediouro, alguns títulos ficaram diferentes. Por exemplo, em  À Sombra das Raparigas.., trocou a expressão lusitana por À Sombra das Moças em Flor, mais brasileira. O Tempo Redescoberto virou O Tempo Recuperado.


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