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EDITORIAL
Programa de Educação Médica Continuada: sucesso absoluto abre portas para outras iniciativas


ENTREVISTA
Presidente do Cosems afirma que prefeituras investem mais que Estados e União no financiamento do SUS


GERAL 1
Heliópolis: residentes têm direito à segurança para exercício pleno da Medicina


EDUCAÇÃO CONTINUADA
Novos módulos estão programados para este segundo semestre. Inscrições gratuitas


GERAL 2
O (triste) cenário da abertura de escolas médicas no país


CONSELHO
A regulamentação da profissão médica: a coleta de assinaturas continua


ENSINO MÉDICO
Exame de Habilitação Profissional: inscrições até 9 de setembro


AGENDA
Destaque para Plenária Temática em Urgência e Emergência


NOTAS
Alerta Ético: a proteção da mulher com vínculo empregatício


TOME NOTA
Parecer sobre procedimentos médico-cirúrgicos oftalmológicos, honorários e custos operacionais


ATUALIZAÇÃO
Burnout: uma forma particular de estresse do setor assistencial


HISTÓRIA
Piragibe Nogueira da Silva: dedicação pela Medicina e pelo São Paulo Futebol Clube


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Edição 215 - 07/2005

HISTÓRIA

Piragibe Nogueira da Silva: dedicação pela Medicina e pelo São Paulo Futebol Clube


Um século dedicado a duas paixões

No dia frio em que recebeu o Jornal do Cremesp, o médico Piragibe Nogueira da Silva, que vai completar 101 anos no próximo dia 11 de novembro, lamentava que não poderia praticar seus 90 minutos diários de natação devido a problemas no aquecimento de sua piscina particular. A visão e  a audição debilitadas são os únicos  problemas de saúde que limitam algumas das atividades do lúcido e bem disposto dr. Piragibe, viúvo desde 1984, pai de três filhos, um deles médico pediatra,  dez netos e três bisnetos.  “Quando se passa dos 90 já não se pode exigir muita coisa da vida. O que vier daí pra frente é lucro. Sou um daqueles que insiste em não morrer”, fala em tom espirituoso o médico que também foi presidente do São Paulo Futebol Clube, sua outra grande paixão.

Piragibe recorda que quando avisou sua mãe, Luiza Maria, sobre sua decisão de ser médico, assustou a família de poucos recursos financeiros. Orgulhosa da vontade do filho, Luiza lamentou muito não ter como pagar seus estudos. Ele, então, começou a trabalhar para custear seu curso de Medicina. Ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp) e concluiu a graduação em 1930. No entanto, só recebeu o diploma em 1931: “quando deveria ser a formatura da minha turma estourou a Revolução de 30 e a Fmusp deixou de funcionar. Em 1931 Getúlio sossegou novamente e aí sim conseguimos receber o diploma”.

Já formado, Piragibe foi convocado para trabalhar como cirurgião na Revolução Constitucionalista de 1932: “precisávamos atender os feridos. Eu andava no campo de batalha e os levava até um local adequado para poder tratá-los”. Sua atuação na Revolução durou de três a quatro semanas: “fiquei sabendo que minha esposa estava dando à luz nossa primeira filha; assim, pedi para ser dispensado”.

Blastomicose e destaque internacional

Além da graduação, Piragibe defendeu tese sobre tratamento da blastomicose. “Todos pensavam que a blastomicose se reduzia a abscessos intoxicantes, mas descobri que na verdade a doença degenerava a pessoa e formava uma massa tóxica. E isso piorava a saúde dos doentes”.

Já respeitado no meio médico-científico, cursou a Universidade de Columbia, em Nova York, Estados Unidos. “Fui ver como era a formação dos médicos lá. Achei muito teórica, parecia uma verdadeira fábrica de diplomas e, na época, muitas escolas do mundo copiavam os americanos”. De volta ao Brasil, Piragibe também demonstrou sua insatisfação com a formação médica do país: “foi quando o Brasil começou a aplicar provas para que os médicos comprovassem sua capacidade antes de iniciar a atuação profissional nos serviços públicos de saúde”. Nesse mesmo período a residência médica também começou a ser adotada. “Foi daí que surgiram os principais valores humanos da Medicina brasileira”.

Viajou a Boston, onde cursou a Universidade de Harvard. “Manifestei minha vontade em participar das cirurgias realizadas, mas para poder operar nos Estados Unidos seria necessário adquirir nacionalidade americana. O chefe, no entanto, abriu uma exceção, ao ver minha atuação”.

Além do tratamento da blastomicose, Piragibe destacou-se ao chamar a atenção para o excesso de recomendação de cirurgia em casos de úlcera do duodeno e ao apontar os riscos da raquianestesia prolongada. “Com esses trabalhos divulguei internacionalmente não só o meu nome, mas o do Brasil nessa área”.

Cirurgião gástrico, só deixou de operar  aos 85 anos de idade, quando percebeu que a visão não era mais a mesma: “a cirurgia sempre foi minha grande paixão e não poderia nunca deixar que minha atuação como cirurgião prejudicasse alguém, por isso resolvi me afastar da carreira profissional”.

Família, futebol e Medicina

Nascido em 11 de novembro de 1904, na cidade de Passa Quatro, Minas Gerais, sempre foi apaixonado por futebol. Não hesita em ressaltar que seu grande exemplo é sua mãe: “ela cuidou sozinha de mim e dos meus quatro irmãos. Trabalhava como costureira numa época em que mulher nenhuma trabalhava, mas meu pai não tinha muitos escrúpulos e ela precisava criar cinco crianças”.
Atuou por mais de cinqüenta anos no hospital Santa Catarina como cirurgião geral. “A Medicina me exigiu dedicação quase total. Muitas vezes deixei de dar a devida atenção à minha família para atender pacientes de emergência”.

Apesar da dificuldade para enxergar o médico não deixa de assistir nenhum jogo do São Paulo Futebol Clube. É um apaixonado pelo esporte e por seu time do coração. “Minha outra paixão além da Medicina é o futebol”. Foi jogador do Clube Atlético Estudantes, que em 1938 recebeu o nome de São Paulo Futebol Clube. Eleito primeiro presidente do Clube após a mudança de nome, exerceu o cargo até 1941 quando foi escolhido para presidir o Conselho Deliberativo. Dirigiu também o departamento médico do Clube, o Conselho Consultivo e participou da Comissão Pró-Estádio, que resultou na construção do Estádio do Morumbi.

Em 1973 foi nomeado conselheiro vitalício do São Paulo. “Ele é o são-paulino mais dedicado e otimista que existe. O time pode estar em situação ruim que ele sempre acredita que será possível a recuperação”, garante Luiza Maria, filha mais velha de Piragibe, que recebeu esse nome em homenagem a avó paterna. Por influência dele a família toda torce pelo São Paulo e seus dois filhos, Piragibe Júnior e Paulo, são conselheiros do Clube atualmente.

Quando comemorou seus 100 anos de idade o Clube homenageou Piragibe. Três jogadores da atual formação foram visitá-lo, entre eles seu principal ídolo, o goleiro Rogério Ceni: “ele é o melhor jogador da atualidade, é muito alto. O time agora está muito bom, foi o único nos últimos 30 anos a conquistar por três vezes a Taça Libertadores da América”.

Para ele o mais importante para quem deseja ser médico é lembrar sempre: “ninguém deve procurar a Medicina se não for sua tendência definitiva. Só com muita dedicação, estudo e trabalho é que se consegue algo, principalmente nessa área. O trabalho sem o estudo permanente rende bons resultados por pouco tempo”.


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