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Escolas de Medicina. Formar mais ou formar melhor?


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ATIVIDADES DO CONSELHO 2
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ATIVIDADES DO CONSELHO 3
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CLASSE MÉDICA EM MOVIMENTO 1
Reajuste recorde dos Planos de Saúde torna justo repasse aos honorários médicos


CLASSE MÉDICA EM MOVIMENTO 2
Médicos pressionam operadoras de saúde por todo o país


ESPECIAL: CAMPANHAS DO CREMESP 1
Campanha "Beba Cidadania": entidades podem aderir ao movimento por e-mail


ESPECIAL: CAMPANHAS DO CREMESP 2
Proibição de novos Cursos de Medicina: MEC suspende abertura por mais 180 dias


PESQUISA
A descentralização da ciência: O Brasil prepara a construção do primeiro Instituto


ALERTA CIENTÍFICO
A cocaína é responsável por 25% dos casos de IAM em pacientes entre 18 e 45 anos


SERVIÇO
Veja como funciona o CEARAS - Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual


AGENDA
Simpósio discute Economia e Saúde; APM em Amparo comemora 25 anos e a oficina de Bioética no Incor, são os destaques


ALERTA ÉTICO
Alerta Ético, Editais e Convocações


PARECER
Envio de prontuários para auditoria em operadoras de planos de saúde


HISTÓRIA
Dr. Bussâmara Neme e Dr. Luiz Camano: depoimentos de vida emocionantes


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Edição 201 - 05/2004

HISTÓRIA

Dr. Bussâmara Neme e Dr. Luiz Camano: depoimentos de vida emocionantes


Bussâmara Neme

“A residência em tocoginecologia deveria durar mais tempo”

“O exercício da Obstetrícia é extenuante e exige saúde e disposição face aos inesperados das suas ocorrências”. Apesar de ter maior experiência na área obstétrica, foi essa a principal razão pela qual o tocoginecologista Bussâmara Neme optou pela ginecologia após os 70 anos de idade. Nascido em Piratininga, Interior de São Paulo, em 1915, filho de libaneses, lembra-se com saudade dos pais: “Eram maravilhosos. Choro quando penso neles”.

Após a conclusão do curso ginasial, seu pai queria que ele administrasse o estabelecimento comercial da família, mas Bussâmara resolveu seguir os passos do irmão mais velho, Feres Neme, e cursar Medicina. Assim, ingressou na Faculdade Fluminense de Medicina, na qual cursou até o quarto ano. Transferiu-se “por concurso de notas” para a FMUSP, formando-se em 1941.  Em 1940, foi “acolhido” pelo professor Raul Burquet na Clínica Obstétrica da FMUSP, como acadêmico interno. Ao graduar-se foi nomeado médico interno, “também pelo dr. Burquet”, exercendo essa função até 1943.

Com a inauguração da Maternidade Condessa Filomena Matarazzo, sob a direção de Burquet, passou a ocupar o cargo de médico interno noturno até 1948. “Foram oito anos como interno, orientado pelo obstetra mais completo que o Brasil já teve. É claro que o aproveitamento e a experiência foram inigualáveis”. Especialista em Tocoginecologia, lembra-se que até 1958 as disciplinas de Ginecologia e Obstetrícia eram ensinadas separadamente. “Formavam-se especialistas muito mais experientes que os atuais”, acredita Bussâmara.

Ele questiona o atual modelo de residência na área: “a residência em Tocoginecologia dura dois ou três anos apenas, como as duas disciplinas se hipertrofiaram, é impossível formar bons obstetras, ginecologistas e ou tocoginecologistas, nesse exíguo tempo de formação. Estou convencido de que a residência deveria ser de dois anos para cada especialidade”. Cinco anos após sua graduação foi aprovado “com média 9,7” no concurso de livre docência em obstetrícia na FMUSP. Em 1953 fez livre docência na USP em Ginecologia, e em 1960, na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil (RJ), em Obstetrícia.

Foi professor da FMUSP-Ribeirão Preto, em 1958; da Faculdade de Medicina de Sorocaba (PUC), em 1964; da Universidade de Campinas (Unicamp), em 1966; e da FMUSP, em 1972, na qual se aposentou em 1985. Casado com Ruth: “minha companheira a toda prova, culta, poliglota, foi colaboradora para os eventuais sucessos que consegui na vida universitária. Meu pai dizia que há mulheres que encurtam a vida do marido e há as que a alongam. Minha esposa alonga e alegra a minha vida”, orgulha-se Bussâmara.

É pai de Eduardo, “filho mais velho, obstetra de confiança”; e de Paulo Alberto, “engenheiro, assistente da Escola Politécnica da USP”. Atualmente pratica natação e caminhada semanalmente. Recorda-se da juventude, quando jogava futebol, praticava remo e nadava. “Nadei muito no rio Tietê”.  Além disso, atende em seu consultório, em São Paulo: “percebo que ainda sou útil e que minhas pacientes sentem-se tranqüilas sob meus cuidados”. E completa: “é verdade que muitas mulheres abandonaram meu consultório, o que se justifica pelo surgimento de novos valores e porque muitas julgam-me idoso”.


Luiz Camano

“Num hospital universitário se aprende no corredor”

“A Medicina é tão abrangente e me toma muito tempo, por isso acho que a minha leitura predileta são os livros de Tocoginecologia”, brinca o médico Luiz Camano. Nascido em 1932, em São Paulo, lembra-se que desde quando cursou o ginásio já gostava muito da área científica: “sempre tive uma pré-determinação em fazer Medicina. Acho muito importante saber o que se quer. Quem não sabe o que quer nem os ventos podem ajudar”.

Formado pela Escola Paulista de Medicina (EPM), em 1956, recorda-se da marcante presença do professor Domingos Delascio em sua formação. “Trabalhei com ele por mais de 20 anos, pude aproveitar a sólida formação obstétrica e ginecológica que ele tinha e adquiri uma experiência prática invejável”. A convivência com o professor Delascio ocorreu principalmente durante a especialização de Camano na Casa Maternal de Infância Leonor Mendes de Barros, da qual Delascio era diretor clínico.

Além da Casa Maternal, trabalhou na Santa Casa de São Paulo, “na época em que ainda não havia a faculdade e no início da faculdade”; na Maternidade do SESC, “que já não existe mais, mas onde se fazia um bom nível de obstetrícia” e no Hospital São Paulo, entre outros. Na EPM, foi assistente voluntário, assistente efetivo, professor assistente, professor-adjunto e professor titular. Fez doutorado, livre docência e professor titular: “Estava com 50 anos quando assumi a cadeira de Ginecologia e Obstetrícia, em 1982, e fiquei até a aposentadoria compulsória, em 2002”.

O que mais o agrada em sua profissão é o fato de sentir-se útil: “acho que a gente só é feliz quando é capaz de ajudar alguém e na Obstetrícia eu tenho essa sensação”. Ter participado da formação de muitos médicos também o deixa bastante satisfeito: “em todos esses anos que estive na EPM formei muitos alunos da graduação e também da pós-graduação. Na pós, tenho mais de 50 teses orientadas”.

Viúvo, Camano tem três filhas, uma veterinária, uma pedagoga e uma advogada: “nenhuma delas quis seguir a Medicina, provavelmente por terem visto o sacrifício e a vida difícil do pai”. Seus seis netos são motivo de grande alegria: “espero que no futuro possa passar mais tempo com eles”. Membro de uma família de origem italiana e tradicional, lembra da infância e da relação com os pais com saudade: “devo muito a meus pais o que sou hoje”.

Sua avaliação a respeito das mudanças ocorridas em sua especialidade são otimistas: “a Obstetrícia mudou espetacularmente. No meu tempo era tudo baseado na clínica obstétrica, hoje em dia a especialidade ganhou muito com os exames subsidiários existentes, principalmente a ultra-sonografia”. Mas faz uma ressalva: “isso complementa os aspectos clínicos, mas insisto que o médico não deve basear-se apenas em exames subsidiários, e sim continuar sendo um bom clínico e usar esses exames para enriquecer o diagnóstico”.

Aos 72 anos, completados no dia 21 de maio, Camano garante que continua aprendendo: “ganho ensinamentos todos os dias, com minhas pacientes e na EPM. Costumo dizer que num hospital universitário se aprende no corredor”. Atualmente atende suas pacientes em uma clínica particular e continua participando das atividades na EPM como orientador de teses e em reuniões clínicas.

Dentre os muitos títulos que guarda, declara que o mais importante deles não está documentado: “o professor Álvaro Guimarães Filho, que foi meu professor e o primeiro de obstetrícia da EPM, uns dias antes de morrer me chamou e disse que eu tinha uma responsabilidade muito grande na obstetrícia da EPM. Nessa época eu era livre docente e ele quis me dizer que eu tinha a obrigação de um dia ser professor titular e de certa forma ocupar o lugar dele. Esse é um dos títulos mais importantes e marcantes, que não tenho em papel nenhum, mas guardo no coração”.


 


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