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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho


ENTREVISTA (pág. 3)
Paulo César Rozental


ENSINO MÉDICO (pág.4)
Simpósio Internacional


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág.5)
Saúde da mulher


SAÚDE PÚBLICA(págs. 6 e 7)
Zika vírus: explosão de casos


EXAME DO CREMESP 2015 (pág.8 e 9)
Avaliação acadêmica


TRABALHO MÉDICO (pág. 10)
Saúde suplementar


EVENTOS (pág.11)
RM & Exame do Cremesp


EU MÉDICO (pág. 12)
Ação Voluntária


JOVENS MÉDICOS (Pág. 13)
Novo acordo


CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Editais


BIOÉTICA (pág. 15)
Microcefalia


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Edição 333 - 01-02/2016

EXAME DO CREMESP 2015 (pág.8 e 9)

Avaliação acadêmica


Reprovação atinge metade dos médicos
recém-formados

Participação na prova voluntária começa a ser exigida
para acesso a Residência Médica, concurso público
e mercado de trabalho


Luna Filho expôs à imprensa dados preocupantes
sobre a formação médica

 

Quase metade dos recém-formados em escolas médicas do Estado de São Paulo foi reprovada no Exame do Cremesp. De um total de 2.726 egressos que participaram do Exame de 2015, 48,13% deles – ou 1.312 – não alcançaram a nota mínima. Ou seja, acertaram menos de 60% das 120 questões da prova, porcentagem que o Cremesp considera mínima para a aprovação. Os outros 51,87% – ou 1.414 egressos – acertaram mais de 60% das questões. Esses resultados foram apresentados durante coletiva de imprensa realizada na nova sede do Cremesp, na Capital, no dia 17 de fevereiro.

Entre os egressos de escolas públicas paulistas, a reprovação foi de 26,4%. Já entre os cursos de Medicina privados do Estado de São Paulo, 58,8% dos alunos foram reprovados. Atualmente existem 45 escolas médicas em atividade em São Paulo. Dessas, 30 foram avaliadas no Exame de 2015. As demais, abertas há menos de seis anos, ainda não formaram turmas à época do Exame.


Desempenho

Apesar dos resultados preocupantes, o desempenho dos novos médicos no Exame do Cremesp 2015 foi ligeiramente melhor que nos últimos três anos, com a taxa de reprovação ficando pouco abaixo da metade, 48,1%. No ano anterior, os reprovados foram 55%; em 2013, 59,2%; e, em 2012, foram 54,5%.

Em 2015, dos 2.787 inscritos formados em escolas paulistas, apenas 61 não participaram do Exame (abstenção de 2,19%), confirmando o grande interesse e adesão também verificados nos anos anteriores. Além desses 2.726 egressos de 30 cursos do Estado de São Paulo, outros 416 participantes formaram-se em 71 cursos de Medicina localizados em outros Estados. Ou seja, ao todo 3.142 recém-graduados, de 101 escolas médicas do País, fizeram a prova do Cremesp em 2015.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero) também realizou a prova, apresentando índice de reprovação de 86,6%.

 


Prova teve participação voluntária

 

O Exame de 2015, que está na sua 11ª edição, avalia o desempenho dos recém-formados em Medicina. A prova foi realizada no dia 18 de outubro de 2015, em dez municípios paulistas (Botucatu, Campinas, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto, São Paulo e Taubaté). A avaliação foi composta por 120 questões de múltipla escolha, com cinco alternativas de resposta e abrangeu as principais áreas da Medicina: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia, Saúde Pública, Saúde Mental, Bioética e Ciências Básicas. Para aprovação, o candidato deveria responder corretamente a 72 das questões, o que corresponde a um percentual de acertos de 60%. O Exame foi aplicado pela Fundação Carlos Chagas (FCC) e os critérios e a metodologia foram os mesmos utilizados e validados nos exames anteriores.

O Exame do Cremesp foi obrigatório, entre 2012 e 2014, por resolução do Conselho, que condicionou o registro dos egressos de Medicina à participação nas provas. Em outubro do ano passado, a Justiça Federal concedeu liminar em ação movida pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras dos Estabelecimentos de Ensino Superior (Semesp), que é contrário às provas. Com isso, o Exame do Cremesp 2015 teve participação voluntária, como ocorreu nas edições entre 2005 e 2011. O Cremesp recorreu da decisão e aguarda manifestação da Justiça.

Apesar disso, o Exame passou a ser requisitado pelo mercado de trabalho e para ingresso na Residência Médica (veja Mercado de trabalho passa a exigir Exame).

Na avaliação dos responsáveis pelo Exame do Cremesp, embora pouco significativa, a melhora observada em 2015 revela uma preocupação maior com o conteúdo, tanto por parte das escolas co­mo dos alunos.

“A discussão democrática sobre a formação de egressos de Medicina, entre o Cremesp e as escolas médicas do Estado, pode ter promovido a melhoria dos métodos de ensino e de avaliação em várias instituições e o compromisso de todas em manter essa trajetória”, disse Bráulio Luna Filho, coordenador do Exame e presidente do Cremesp. Segundo ele, “o Exame do Cremesp introduziu no Brasil uma experiência exitosa realizada em vários países”.

Como em anos anteriores, as escolas médicas paulistas privadas tiveram maior percentual de reprovação que os cursos públicos (Quadro 1).


Participantes, aprovados e reprovados nas edições de 2014 e 2015
do Exame do Cremesp, segundo natureza das escolas médicas paulistas

 


Análise confidencial

As notas individuais serão encaminhadas confidencialmente a cada participante. As escolas médicas receberão um relatório pormenorizado de desempenho de seus alunos por área do conhecimento, preservando a identidade dos mesmos. O propósito do Cremesp é fornecer subsídios para o aprimoramento dos cursos avaliados.

Também receberão relatório sobre os resultados do Exame do Cremesp os ministérios da Educação e da Saúde, o Conselho Federal de Medicina, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério Público e os Conselhos Nacionais de Saúde e de Educação.

 

Desempenho por áreas em escolas paulistas

Para o grupo de participantes de escolas do Estado de São Paulo (2.726) no Exame de 2015, a média de acertos para o conjunto de áreas de conteúdo foi de 60,08. Abaixo de 60% de acertos, o resultado por conteúdo é considerado insatisfatório, o que aconteceu com 4 das áreas. As médias mais baixas foram obtidas nos conteúdos de Clínica Médica (50,9) e Saúde Pública/Epidemiologia (52,8).
 

Médias de acertos, por área de conteúdo, de participantes
no Exame do Cremesp 2015, formados em escolas paulistas

Fonte: Fundação Carlos Chagas/Cremesp

 


Escolas com melhor desempenho

Pela primeira vez, nesta edição, o Cremesp divulga as escolas paulistas que tiveram média de acerto igual ou maior a 60% entre seus alunos. Das 30 escolas médicas paulistas com recém-formados que realizaram a prova, 15 não conseguiram atingir 60% de aproveitamento (ponto de corte). Entre as 15 escolas com melhor aproveitamento, nove são públicas e seis, privadas. Entre as 15 com pior desempenho, 14 são privadas e uma é pública.

 

Escolas que tiveram média de acerto igual ou maior a 60%
entre seus alunos (em ordem alfabética)

Fonte: Fundação Carlos Chagas/Cremesp

 


Mercado de trabalho passa a exigir Exame

O Exame do Cremesp passa a ser critério para acesso à Residência Médica, concurso público e mercado de trabalho. Programas de Residência, como os da PUC-Campinas, USP de São Paulo, USP de Ribeirão Preto, Santa Casa, Unifesp, ABC, Hospital do Servidor Público Estadual e Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, entre outros, passarão a exigir, a partir deste ano, a participação no Exame do Cremesp como condição para o acesso.

Também empregadores públicos e privados adotarão o mesmo critério. As Secretarias de Saúde do Estado e do Município de São Paulo exigirão a participação na prova do Cremesp a todo médico que se inscrever em concurso público para preenchimento de vagas. A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) firmou com o Cremesp um protocolo de intenções, estabelecendo que o Exame do Cremesp será considerado na seleção de candidatos à Residência Médica e na contratação de profissionais, para os mais de 80 hospitais e instituições conveniados à entidade, entre eles os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês. Instituições privadas de saúde, como a Federação das Uni­meds e suas colegiadas, passarão a exigir dos novos médicos contratados ou cooperados o certificado de que tenham feito a prova.

Essas instituições condicionarão a exigência apenas à participação no Exame, independentemente da nota que o recém-formado venha a tirar. O Conselho não divulga de forma alguma, nem aos empregadores e programas de Residência Médica, as notas obtidas pelos participantes.

“O exame passou a ser considerado importante fator para o jovem médico ingressar no mercado de trabalho e nos melhores programas de Residência. Consideramos que o Exame não pertence mais ao Cremesp, mas sim às so­cie­dades paulista e brasileira, que têm o direito de avaliar e acompanhar a qualidade da formação de seus médicos”,  afirma o presidente do Cremesp, Bráulio Luna Filho.

 


Sociedade apoia o Exame

A grande maioria da população defende a realização de um exame que avalie os médicos antes de ingressarem no mercado de trabalho. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, e encomendada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mostrou que 94% dos entrevistados acreditam que médicos e engenheiros devem passar por uma prova de conhecimento antes de serem autorizados a exercer a profissão.

Os resultados do Exame do Cremesp podem contribuir para o debate sobre a qualidade do ensino médico, sobretudo quando se tem um grande número de escolas abertas. Apenas em 2014, foram criados no país 28 novos cursos, 16 privados e 12 públicos. Em 2015, foram abertas outras 18 escolas médicas, dez públicas e oito privadas. A Lei que instituiu o Programa Mais Médicos (nº 12.871/2013) prevê a autorização de abertura de mais 4.347 novas vagas em instituições de ensino superior, sobretudo privadas. No Brasil, já são 266 escolas médicas.

O despreparo dos profissionais recém-formados – segundo o presidente do Cremesp – explicaria o aumento das denúncias de erro médico que chegam ao Conselho. Em 1993, eram cerca de cinco por dia. “Atualmente recebemos uma média de 17, dia­ria­mente, caracterizando uma situação alarmante”, afirma Luna Filho.

 

 


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