CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho
ENTREVISTA (pág. 3)
Paulo César Rozental
ENSINO MÉDICO (pág.4)
Simpósio Internacional
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág.5)
Saúde da mulher
SAÚDE PÚBLICA(págs. 6 e 7)
Zika vírus: explosão de casos
EXAME DO CREMESP 2015 (pág.8 e 9)
Avaliação acadêmica
TRABALHO MÉDICO (pág. 10)
Saúde suplementar
EVENTOS (pág.11)
RM & Exame do Cremesp
EU MÉDICO (pág. 12)
Ação Voluntária
JOVENS MÉDICOS (Pág. 13)
Novo acordo
CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Editais
BIOÉTICA (pág. 15)
Microcefalia
GALERIA DE FOTOS
EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho
Exame do Cremesp:
a luta pela boa formação médica
Bráulio Luna Filho
Presidente do Cremesp
Nesta edição, publicamos os resultados do 11o Exame do Cremesp. Mais uma vez, eles nos preocupam. Dos 3.142 participantes, 48,1% não atingiram a nota mínima exigida. Ou seja, acertaram menos de 60% do conteúdo da avaliação de 120 questões de múltipla escolha. Quando essa análise se concentra apenas nos 2.726 recém-formados das 30 instituições do Estado de São Paulo, o mesmo índice de aprovação, aproximadamente, foi obtido: 51,9%. Esses números expressam uma pequena, mas alentadora, evolução em relação ao Exame do Cremesp de 2014, quando a aprovação foi de apenas 45%.
Ressaltamos, entretanto, que o resultado auferido ainda é considerado muito baixo em relação aos exames similares nos EUA e Canadá. Quando se classificam as instituições de ensino em públicas e privadas, essas últimas apresentaram, em conjunto, aprovação de apenas 41%, enquanto as públicas, 71%.
Considerando a abertura indiscriminada de novas escolas médicas no País, o Exame do Cremesp é um poderoso instrumento em defesa de uma assistência digna à saúde e proteção dos pacientes.
A indignação dos conselheiros do Cremesp durante os julgamentos nesta casa — quando se defrontam com erros, equívocos ou negligências na relação dos médicos com os pacientes —, não os imobilizou. Pelo contrário, os impeliu, corajosamente, na defesa de uma verdade: não se pode admitir que egressos de escolas médicas, sem formação científica, adentrem no exercício profissional e exerçam a arte médica simplesmente porque obtiveram um diploma.
O Exame do Cremesp 2015, por força de medida cautelar obtida pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), foi voluntário. Mas o mercado de trabalho médico passou a considerar a realização do exame como critério para a contratação de novos médicos. Instituições renomadas, como os hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, assim como a Federação das Unimeds do Estado de SP e colegiadas, introduziram nos seus regulamentos a exigência do Exame do Cremesp. Também as secretarias de Saúde do Estado e do Município de São Paulo passaram a exigir o comprovante de participação na prova em concursos públicos.
Apesar das incompreensões e oposições, já podemos vislumbrar a trajetória por um exame de habilitação no final do curso médico. Alguém já disse que nada pode impedir a marcha da história, pois a consciência coletiva que impulsiona a humanidade sempre encontrará um meio para se realizar!
Opinião
A saúde desumanizada
Sílvia Helena Rondina Mateus
Diretora 2ª Secretária do Cremesp
Desde o final dos anos oitenta, escutamos muitos discursos sobre a humanização da saúde. Enquanto o discurso anda para um lado, a realidade anda para o outro, diametralmente oposto, pelo menos no Sistema Público de Saúde (SUS), e piora ainda mais quando avaliamos os serviços de urgência e emergência.
As cenas encontradas e assistidas na mídia são tudo o que se pode dizer de desumano diante de pacientes com dor, em sofrimento, em macas nos corredores (se tiverem sorte, porque já vimos muitos no chão...). Salas de urgência com mais de 200% de taxa de ocupação, ou seja: onde cabem 10 macas, estão 30, entulhadas, com homens e mulheres, às vezes sem roupa, com várias patologias e diferentes tipos de urgência.
A falta de financiamento crônica, em tempos de recessão não vai melhorar, ao contrário, só pode piorar.
As consequências estão aí para quem quiser ver: violência contra os profissionais de saúde – já submetidos também a condições de trabalho tão desumanas quanto a assistência ao paciente, com precarização do vínculo de emprego –, que assistem impotentes ao caos da falta de leitos secundários e terciários para transferir os pacientes que se amontoam nas unidades de urgência. E ainda há o drama da vaga zero, que demanda outro artigo inteiro. Não é à toa a dificuldade dos gestores públicos para encontrar médicos que aceitem trabalhar nessas condições.
A angústia de todos aqueles que conhecem essa realidade é a impotência diante dos gestores que cortam verbas e leitos, não implantam plano de cargos e carreira específico senão para os médicos, pelo menos para todos os profissionais da saúde. As soluções não se fazem sem investimento, e o investimento de nada adianta se não houver gestão adequada dos recursos.
O SUS explodiu! Entrou em colapso, o modelo faliu, a municipalização não é factível, tendo em vista a arrecadação de pequenos municípios e a busca espontânea da população pelos municípios polo. É urgente concentrar esforços para rediscutir o modelo, incluindo aí a forma de financiamento, e voltar o discurso acadêmico para a realidade: a real humanização dos serviços, a começar pelo acesso com dignidade.