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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
"Os médicos e suas entidades estão dispostos a dar um basta nesta situação de desrespeito"


ENTREVISTA (pág. 3)
Promotor de Justiça Arthur Pinto Filho


ENVELHECIMENTO (pág. 4)
Aumento do número de idosos poderá superar o das crianças em 2020


FALTAM PROFISSIONAIS? (pág. 5)
Cremesp questiona versão do governo federal sobre o número de médicos no país


ENDOCRINOLOGIA (pág. 6)
Sibutramina e derivados de anfetamina poderão sair de circulação


POLÊMICA (pág. 7)
O uso de jaleco fora do ambiente de trabalho


OPERADORAS (págs. 8 e 9)
Assistência suplementar: cartão vermelho para planos que não aceitam negociar


AGENDA (pág. 10)
Cremesp participa da posse dos novos diretores do Simesp


URGÊNCIA/EMERGÊNCIA (pág. 11)
Plenária discutiu o atendimento nos prontos-socorros dos hospitais públicos


COLUNA DO CFM (pág. 12)
Comentários dos representantes do Estado de São Paulo no CFM


SUS (pág. 13)
Desafios Contemporâneos do Sistema Único de Saúde


PSIQUIATRIA (pág. 15)
Resolução nº 226, de 22/03/2011


BIOÉTICA (pág. 16)
O devido sigilo ao prontuário do paciente


GALERIA DE FOTOS



Edição 283 - 07/2011

ENVELHECIMENTO (pág. 4)

Aumento do número de idosos poderá superar o das crianças em 2020


Longevidade maior desafia saúde pública


Maria Lúcia, Carvalho, Azevedo, Mariane e Rosenthal: políticas de saúde que possam garantir qualidade de vida aos idosos.

A queda nas taxas de natalidade, iniciada em 1960, e a contínua redução nos índices de mortalidade, trouxe como decorrência o crescimento do envelhecimento populacional, que pode superar o das crianças menores de cinco anos em 2020. Enquanto a taxa de natalidade brasileira era de 5,9 filhos por mulher em 1950, esse número chegou a 1,8 em 2010, com previsão de 1,7 para 2015. Também a expectativa de vida, estimada em 62,6 anos em 1980, atingiu 72,3 anos em 2008, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, a longevidade após a aposentadoria está cada vez maior. O fenômeno do crescimento do envelhecimento populacional é mundial e, inclusive, o número dos “muito idosos” (com 85 anos ou mais) também evolui, sendo que, no Brasil, vivem 2,2% deles.

Para discutir as consequências, tanto sociais como para a saúde, o Cremesp realizou em sua sede, em 17 de junho, o Fórum Saúde e Qualidade de Vida na Longevidade. Renato Azevedo, presidente da entidade, participou da mesa de abertura com o conselheiro Eurípedes de Carvalho e o integrante da Câmara Técnica de Bioética, Caio Rosenthal; a presidente da Associação das Mulheres Médicas, Marilene Rezende Melo; e a professora e pesquisadora  da Faculdade de Saúde Pública da USP, Maria Lúcia Lebrão.

“Se perguntarem a um idoso do que ele tem medo, a resposta não é a morte, e sim de virar dependente”, observou Maria Lúcia. Isso porque o estudo Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE), apresentado por ela, demonstra que dos idosos que residem com filhos e netos, 52,1% recebem ajuda nas atividades básicas diárias, e entre os que moram sozinhos, apenas 16,4% têm algum auxílio.

Envelhecimento feminino
Segundo o estudo da SABE, a maioria dos idosos é mulher. “Dizemos que o envelhecimento é feminino, fato que tem  alguns aspectos negativos. Uma mulher mais velha, que não conseguiu se estabelecer profissionalmente durante a vida, dificilmente poderá se sustentar após ficar viúva”, apontou Maria Lúcia.

Mas não basta apenas viver por mais tempo. O atual desafio para médicos, administradores e governantes é desenvolver políticas de saúde que possam garantir qualidade de vida às pessoas. Os idosos, mesmo aqueles que convivem com uma doença crônica, podem envelhecer de forma ativa e saudável, o que implica mudanças na previdência social, nos cuidados e na estrutura do sistema de saúde. “Estamos ainda arranhando o processo, mas não há tempo, precisamos tomar providências”, alertou o professor de geriatria da Unifesp, Luiz Ramos.

Durante a mesa sobre Políticas de Saúde para a Longevidade, que integrou o Fórum, a coordenadora de planejamento e saúde da Secretaria Estadual da Saúde, Marília Louvison, falou sobre o Plano Estadual para a Pessoa Idosa – Futuridade. A política do governo paulista foi desenvolvida para fortalecer a rede de atenção e integração da pessoa idosa, por meio da capa-citação de profissionais da saúde e ações de cuidado e prevenção de doenças. “O envelhecimento saudável é melhor para todo mundo: para nós mesmos, para a nossa família e para a sociedade, que terá um custo menor para assumir”, afirmou.

Vida saudável
Para a vice-presidente do Departamento de Geriatria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Elina Lika Kikuchi, mesmo que uma pessoa conviva com uma doença crônica, isso não a impede de levar uma vida saudável. Ela destacou ações de saúde que visam a aumentar a reserva funcional do idoso e evitar a manifestação clínica de doenças, como a mudança de hábitos alimentares e a aplicação de vacinas e medicação, e ainda as atividades em prol da cidadania e da inserção social do idoso.


Mulheres apresentam expectativa de vida maior.

O diretor clínico do Hospital Pró-Cardíaco, Evandro Tinoco Mesquita, representando a Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP), afirmou ter certeza de que o Brasil irá “vencer o desafio do envelhecimento”. “Mas, se não estudarmos e conhecermos os problemas dos setores público e privado, podemos perder esse jogo”, ressaltou.

Assistência aos médicos

Não apenas a longevidade dos pacientes, mas também a dos médicos, deve ser motivo de atenção por parte dos profissionais, ressaltou Marilene Rezende Melo, presidente da Associação das Mulheres Médicas. “Temos que pensar também nos nossos colegas que chegam à terceira idade, muitas vezes sem qualidade de vida”, disse, comentando que a Associação Paulista de Medicina (APM) presta assistência atualmente a 47 médicos.

30 anos de Aids

A Aids, doença descoberta há 30 anos e ainda sem cura, provocou mudanças na sociedade, investimentos em pesquisas e evolução no tratamento disponível no SUS, que permitiram a longevidade dos pacientes. Durante o Fórum, o infectologista e conselheiro do Cremesp, Caio Rosenthal, comentou sobre o envelhecimento dos soropositivos. “Eles têm uma sobrevida longa, mas o que se discute também são os efeitos dos antirretrovirais sobre o envelhecimento. Um paciente soropositivo com 55 anos, sente-se com 80, enquanto o idoso de 80 anos vive como alguém com 55”, relata.




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