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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Sem qualquer significado legal que garanta a veracidade dos dados...


ENTREVISTA (JC pág. 3)
Neuropediatra e neurocirurgião Nélio Garcia de Barros


ATIVIDADES 1 (JC pág. 4)
Novo formato caracteriza retomada do PEMC no Estado


ATIVIDADES 2 (JC pág. 5)
Nova especialidade médica apresenta membros de sua CT


ATIVIDADES 3 (JC pág. 6)
Acompanhe uma síntese do seminário sobre o tema abaixo, realizado em agosto


XII ENEM
XII Encontro Nacional das Entidades Médicas (ENEM) - Carta de Brasília


GERAL 1 (JC pág. 10)
Módulo de atualização do Cremesp aborda responsabilidades civil, penal e ética do médico


GERAL 2 (JC pág. 11)
Ganho compartilhado fere os preceitos da boa prática médica


GERAL 3 (JC pág. 12)
Cremesp prossegue com eventos para esclarecer alterações do CEM


CFM (JC pág. 13)
Representantes do Estado no CFM se dirigem aos médicos e à sociedade


ÉTICA & BIOÉTICA (JC pág. 16)
Em agosto, o Conselho Federal realizou o I Fórum sobre Diretivas Antecipadas de Vontade


GALERIA DE FOTOS



Edição 274 - 09/2010

ENTREVISTA (JC pág. 3)

Neuropediatra e neurocirurgião Nélio Garcia de Barros


“Foi Antônio Ermírio quem viabilizou a primeira tomografia no Brasil”

Pioneiro nas pesquisas e na implantação do serviço de tomografia e ressonância magnética no Hospital das Clínicas, o neurologista Nélio Garcia de Barros fala ao Jornal do Cremesp sobre as conquistas e o alcance da área da neurorradiologia no país. Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp), com pós-doutorado em Harvard (Boston), Barros também é especialista em neuropediatria e neurocirurgia.


O sr. foi pioneiro nas pesquisas e implantação do serviço de tomografia no Hospital das Clínicas?
Sim. Realmente fui pioneiro. Eu e o professor José Zaclis trabalhávamos no HC nessa época (trabalhei lá durante 50 anos) e também na Beneficência Portuguesa, onde o presidente do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, viabilizou o funcionamento do primeiro aparelho no Brasil. Isso foi às 10 horas da manhã do dia 10 de dezembro de 1976. Desenvolvemos, com grande dificuldade, o primeiro aparelho digital no Brasil. No mundo, o primeiro foi na Inglaterra, em 1972. É muito oportuno falar sobre esse assunto, porque a tomografia evoluiu de uma maneira extraordinária. Desde o princípio eu utilizava o mesmo método que aplico hoje, a mesma janela (corte). Faço tomografia e ressonância, onde a aquisição da imagem é mais complexa.

Como foi desenvolvido esse trabalho?
Na verdade, o pioneiro no país foi Antônio Ermírio, que trouxe o aparelho para o Brasil, quando houve necessidade de um exame mais apurado, pois só havia na Inglaterra. O idealizador, Godfrey Hounsfield, ganhou o Prêmio Nobel em 1979.

Esse prêmio ajudou a impulsionar outras pesquisas e facilitou os avanços da tomografia computadorizada?
Sim, não há dúvidas. Antes disso, ele foi premiado pela rainha da Inglaterra, com o Prêmio Mullard. O norte-americano Alan McLeod Cormack idealizou, e Hounsfield construiu. Foi muito importante. Quando compramos nosso aparelho, o Ermírio disse que por chegarmos ‘atrasados’, tínhamos uma desvantagem em relação aos japoneses, que compraram cem aparelhos.

Antes dessas tecnologias, qual era a principal dificuldade para diagnosticar um paciente?
A maior dificuldade era o tempo de aquisição do exame, que demorava praticamente uma hora. Hoje esse exame é feito em 3 segundos. É impressionante, muito diferente. Para fazer uma fatia (uma daquelas imagens) eu precisava de 7 minutos e meio, era muito tempo realmente. Às vezes, se injetássemos o contraste dobrava o tempo de exame. E, também, as fatias eram muito grossas, hoje têm meio milímetro. 

Quais os principais impactos em termos de medicina diagnóstica?
Os impactos foram gigantes, pois havia necessidade, antigamente, de internar os pacientes. Precisávamos anestesiá-los, fazer punções. Era muito mais difícil e sofrido. Hoje, com todo o avanço tecnológico, nem se percebe o que está sendo feito.

Especificamente na neurorradiologia, quais as principais mudanças?
Pela primeira vez, vimos o cérebro, pois antigamente apenas o imaginávamos. O que a gente via era o espaço subaracnoide e os vasos, mas não víamos o cérebro mesmo. A tomografia revelou simplesmente tudo! Nos deu a possibilidade de ver o encéfalo.

O que representa a utilização dos equipamentos helicoidais, de 4ª geração?
Uma menor quantidade do uso de raio-X. A radiação é cumulativa, por isso as células sofrem o impacto. Aquilo fica no estroma, o que pode trazer alterações, inclusive no DNA. Por isso, os radiologistas tinham tanta preocupação, para que a descendência do paciente não fosse prejudicada. Outro problema, que hoje parece algo simples mas na época não era, é a catarata. Eu fazia a imagem sem a inclusão do cristalino, porque a radiação era realmente maior.

O acesso a esses serviços tende a aumentar na rede pública, considerando a nova legislação para importação dos equipamentos, que permite reverter impostos em atendimento para o SUS?
Acho justo que tenda a aumentar, o problema é a manipulação de alguns dados que o Governo nem sempre consegue fazer de maneira tão eficiente quanto na rede particular. Os impostos do Brasil são absurdos, vergonhosos, e o SUS precisa adotar o sistema. Mas é importante frisar que desde 1976 nós abrimos a possibilidade de atender os pacientes do SUS, não atendíamos só a rede particular. O Antônio Ermírio sempre teve essa preocupação.

Há dificuldades para a formação de profissionais na especialidade?
Dificuldade mesmo foi a nossa, porque não tínhamos livros e nem havia experiência. Esse é o problema do pioneirismo. No HC cada turma de residentes saía mais informada. Eu e todo o grupo dávamos atenção especial a isso. Foi algo que realmente se difundiu de maneira maravilhosa para os pacientes e para a população em geral. Então, após a primeira etapa, as coisas ficaram mais fáceis.

Na sua opinião, as escolas têm dado a devida atenção à formação do médico na área da radiologia?
Não sei se dão atenção como deveriam. Existe grande interesse e utilidade, inclusive para o estudo da anatomia, não com o raio-X, mas com a imagem. Tem sido valorizado, mas a dificuldade é encontrar profissional especializado, porque o Brasil está todo terceirizado, dessa forma dilui-se a ética...

Existem convênios para pesquisa ou treinamento de profissionais brasileiros no exterior?
Sim, existem muitos convênios. Nos EUA temos alguns muito importantes. Os residentes que têm a oportunidade utilizam em grande número esses convênios.

Gostaria de deixar uma mensagem para quem pretende se especializar nesta área?
Hoje em dia é difícil visualizar e perceber a ética, algo necessário e muito importante em qualquer área. Além disso, respeitar o meio ambiente também é imprescindível, não podemos deixar isso de lado. Precisamos confiar em um Brasil melhor, porque nem sempre fazemos isso.


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