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CAPA

EDITORIAL (JC pág. 2)
Eleição CFM - "Campanhas devem debater ideias e propostas" (Henrique Carlos)


ENTREVISTA (JC pág. 3
Diretor da FMUSP propõe alternativas para melhora do ensino médico


ATIVIDADES 1 (JC pág. 4)
Cremesp comemora plenária histórica nº 4.000 e homenageia conselheiros


ATIVIDADES 2 (JC pág. 5)
Acompanhe relatório final do fórum de Cooperativismo Médico


GERAL 1 (JC pág. 6)
Marcos Mercadante alerta para nº insuficiente de psiquiatras voltados para jovens


ELEIÇÃO CFM (JC pág. 7)
Médicos podem escolher o modo de voto: por correspondência ou presencial


ATIVIDADES 3 (JC págs. 8/9)
Portal do Cremesp estreia novidades, no conteúdo e no visual


ÉTICA (JC pág. 10)
A especialidade perícia médica sob os aspectos legal, ético e científico


VIDA DE MÉDICO (JC pág. 10)
Vandyck Neves da Silveira comemora 40 anos dedicados à Medicina


FARMACOVIGILÂNCIA (JC pág. 12)
Sobravime defende maior atenção na prescrição de medicamentos


GERAL 2 (JC pág. 13)
Realizações do Programa de Educação em Saúde para a Comunidade, do Cremesp


ALERTA ÉTICO (JC pág.14)
Dúvidas frequentes analisadas e esclarecidas pelo Cremesp


GERAL 3 (JC pág. 15)
Instituição comemora crescimento expressivo no primeiro ano de funcionamento


INFLUENZA A
Informações técnicas sobre o vírus influenza A - H1N1


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Edição 259 - 05/2009

ENTREVISTA (JC pág. 3

Diretor da FMUSP propõe alternativas para melhora do ensino médico


Entrevista
Marcos Boulos

“Escolas formam médicos incompletos”


Marcos Boulos, diretor da Faculdade de Medicina da USP

Com uma visão crítica do atual processo de abertura e avaliação das escolas médicas, Marcos Boulos discute, nesta entrevista, alternativas que possam contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médico no país. Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba (1972) e com mestrado em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Universidade de São Paulo (1980), atualmente Boulos é diretor  da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da instituição.

Segundo dados da Secretaria de Ensino Superior do MEC, há no momento mais de 50 propostas de abertura de cursos de Medicina em avaliação. Quais medidas o Ministério da Educação deveria tomar em relação a essa demanda?
Primeiramente, se formos avaliar, pela média, o número de habitantes que temos e o número de escolas médicas, concluiremos que existem médicos suficientes no país. Porém, sabemos que quando se fala em divisão geográfica, essa avaliação não é adequada. Por exemplo, temos muitos médicos por habitante na cidade do Rio de Janeiro. Em outras regiões, como no Nordeste e na Amazônia, faltam médicos que possam atender à população. Então, acredito que existem alguns quesitos que deveriam ser obedecidos na abertura de escolas médicas, se é que se devem abri-las.

Quais seriam esses requisitos?
O primeiro fator é que as novas escolas sejam abertas em centros onde há carência de médicos. Por exemplo, se falta médico na região Centro-oeste ou na região Amazônica, há prioridade de abertura aí, desde que ofereçam condições mínimas de funcionamento. Segundo, que essas escolas médicas tenham como pressuposto oferecer um atendimento hospitalar adequado, com possibilidade de garantir Residência assim que o médico se formar. Já é conhecido o fato de que se acabam criando escolas médicas e o número de vagas para residentes é cada vez menor. Então, formam-se médicos incompletos, que não têm o aparato necessário para exercer sua atividade por falta de hospitais e residências adequadas. E mais ainda: não basta criar, as escolas precisam ser avaliadas. O MEC está fazendo esse papel, mas a escola tem de ser monitorada sempre. É preciso verificar se aquilo que ela se dispôs a fazer está sendo feito com competência e com qualidade. Portanto, não se trata apenas de olhar o produto final, mas também o desenvolvimento da escola médica. Isso é fundamental.

O ensino médico brasileiro vem enfrentando graves problemas relacionados à queda de qualidade dos novos cursos de Medicina. O que poderia ser feito de imediato a esse respeito?
O que sabemos é que, com o passar do tempo, as novas escolas privadas têm sido deficitárias no produto final. Os médicos têm maior dificuldade, menores chances de entrarem numa Residência médica. Temos cada vez mais médicos que cometem erros graves de português ao aviar uma receita médica. Não possuem uma base cultural adequada. Outra coisa é que a maior parte dos processos de erros médicos está relacionada às novas escolas de medicina privadas. Então, isso mostra que muito precisa ser melhorado na abertura e na avaliação dessas escolas.

Uma das principais realizações do Cremesp, desde 2005, é a avaliação inédita dos estudantes de sexto ano e recém-formados em Medicina no Estado de São Paulo. Essa iniciativa tem sido importante para avaliar a qualidade do ensino em nível estadual?
Acho que é bom, mas só isso não valida o processo, pois o que tem acontecido é que se avalia, mas não se tem medidas corretivas. Além disso, o exame é voluntário, nem sempre as pessoas fazem a prova. Teve um ano, por exemplo, que ninguém da faculdade de Medicina da USP quis fazer o exame. Então não dá para avaliar, nós sabemos que a USP é uma das principais escolas médicas do país.  Esses exames teriam um maior valor para analisar as escolas médicas se todos os alunos os fizessem. Não só todas as faculdades, mas todos os alunos. Temos também algumas escolas que, para atingir uma boa colocação, escolhem seus cinco, seis principais alunos e os piores não fazem o exame. Então, ela é classificada pelo desempenho dos seus melhores alunos. Enquanto outras, voluntárias, são classificadas em pior posição, quando na verdade elas poderiam ser bem melhores. Portanto, quando for corrigida essa distorção e, principalmente, quando esses exames servirem para, de alguma maneira, intervir no funcionamento dessas escolas, teremos uma maneira mais correta em termos educacionais.
 
Quando enfrentaram problemas semelhantes com a qualidade do ensino médico, há quase um século, os EUA se valeram do Relatório Flexner, que estabelecia critérios mínimos para o funcionamento de uma escola e propunha um sistema de acreditação para depurar o sistema educacional. Um sistema de avaliação semelhante poderia ser criado no Brasil?
Poderia. O relatório Flexner foi muito importante, pois naquele momento, nos Estados Unidos, mais de dois terços das escolas médicas foram fechadas após sua divulgação. Fizeram uma avaliação e eles definiram o critério mínimo do que se entendia sobre ensinar com qualidade. Toda vez que se podem traçar processos e mecanismos de avaliação da qualidade, isso é muito bom.

A maioria das escolas médicas não possui um sistema de avaliação científica integrado e as que aplicam o exame de progressão, fazem-no de forma extracurricular. Isso deveria mudar?
Penso que todas as escolas deveriam fazer uma autoavaliação. Deveríamos ter nas escolas processos de avaliar qualidade, que pudessem ser comparadas com outras consideradas melhores para se tentar atingir a excelência, seja aqui ou fora do país. A avaliação em termos da sociedade precisa ser feita por órgãos que tenham essa abrangência, seja o Ministério da Educação, ou mesmo as classes médicas, Conselhos Regionais ou Federal de Medicina, que eventualmente desenvolveram uma política de avaliação. É preciso qualificar metas e segui-las. Isso é necessário que se faça.

Há universidades que são referência no ensino médico em nosso país. Como avalia a grade curricular e a formação desses alunos em relação a outros grandes centros formadores no exterior?
Eu diria que as escolas médicas ocidentais, de um modo geral, estão evoluindo muito. A Faculdade de Medicina da USP, por exemplo, possui critérios similares ao de várias faculdades internacionais. Temos relações com escolas dos Estados Unidos e da Europa, por meio das quais podemos ver que nossos conteúdos não são muito distintos. Mesmo assim, temos de melhorá-los continuamente, seja entre nós, seja entre eles. Ainda hoje, o ensino médico peca pelo excesso de biologia, de biociências. Vivemos como se a medicina fosse um ensino apenas objetivo. Depois, quando o médico se forma, temos de discutir nos Conselhos Regionais de Medicina a relação ética, biomédica e, principalmente, a humanística. Não ensinamos às pessoas, dentro da escola, como ter uma relação mais franca com seus pacientes. Esse problema de introduzir conteúdos subjetivos dentro de uma escola que peca por excesso de objetividade é um desafio que deve ser enfrentado aqui e no exterior.


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